17.6.10

Da lama ao caos.

Sempre gostei de ver notícias de tragédias na TV, não sei porquê. Aquelas imagens de cidades devastadas, ruínas, população em prantos, trânsito caótico, ou, às vezes, nem população ou trânsito havia, pois tudo e todos no lugar estavam mortos. Meus favoritos sempre foram os furacões, tornados, vendavais etc. Eles conseguem ser belos e destruídores.
Ontem um deles passou na minha cabeça, durou cerca de 10 ou 15 minutos, mas foi o suficiente pra deixar tudo o que havia lá irreconhecível. Começou com o sopro de uma boca, que tomou forma e entrou pelos meus ouvidos. Primeiro afetou as têmporas, o que me fez perder o equilibrio, depois foi pra nuca, me destruiu controladores vitais, perdi a visão, a consciência e já nem tive mais certeza de nada. Me esmagou as idéias, fez os planos despencarem sobre a inteligência como prédios caindo sobre carros. fez enroscar todos meus neurônios e o curto-circuito foi inevitável, logo tudo começou a pegar fogo, quimando toda a região onde morava a tal da distinção entre certo e errado. A fumaça asfixiou minhas vontades e eu nem consegui me mover mais. Ouvi lá no fundo os gritos das emoções pedindo por socorro, mas eu nada conseguia fazer além de assistir. Por fim, o que começou com o sopro de uma boca se transformou em algo maior do que minha cabeça, que explodiu.

Acordei algumas horas depois.
No chão do quarto só haviam meias palavras, rostos desfigurados, pedaços de flores e meu coração, ainda batendo.

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