28.7.12

não é sobre sonhos.

Tudo começou com a sensação de que uma gota de chuva tinha caído em mim. Eu tava no meio do caminho e olhava pro céu completamente incerto do que viria; se uma tempestade daquelas ou se o sol ali escondido ia sair soberano e dissolver toda nuvem que insistisse em ficar na sua frente. Quis, ao mesmo tempo, apertar o passo e andar mais devagar, porque eu não tive medo da chuva, mas queria chegar logo. Você tinha dito pra eu me sentir em casa, que a porta estaria apenas encostada, e que eu não precisa me preocupar em fazer silêncio ou entrar na ponta dos pés. Na segunda metade do caminho policiais passaram por mim oferecendo suas armas e coletes a prova de bala, pois havia saído no jornal que haviam declarado guerra contra mim(!), respondi que ideias eram a prova de balas. continuei andando e um dos policiais gritou pra me avisar que tu ainda estaria de pijama.
Corri. não por pressa, mas porque precisava correr; por urgência. precisava te sentir, ainda sonolenta e quente, nas pontas dos meus dedos. Quando cheguei, fui entrando sem bater, pisando alto e forte. A casa tava uma bagunça, e na mesa haviam pratos postos para dois. Quando cheguei no seu quarto, surprise: não havia você lá; não em carne, osso e pele maravilhosa. Eu e meu pote de nutella ficamos confusos.
A campainha tocou.
Fui atender e era você. de pijamas, com leite e pão nas mãos, com olhos de sono, olhos de capitu, envolventes. as unicas palavras ditas por nós foram: bom dia.
um trovão gritou.

Tu pisou pra dentro, entrou no cubículo, e nesse sonho, dali nós não saímos mais.

Acordei com o segundo trovão, e tudo terminou com a sensação de que uma gota de chuva tinha caído em mim.

16.5.12

Teoria do pulo-do-gato



Esqueça a comodidade e a segurança dos modos de transitar dentro de um prédio. Apague qualquer lembrança sobre escada rolante, rampas e elevadores; essas acessibilidades convencionais te oferecem a opção do arrependimento, e, geralmente, quem por elas sobe, desce. Se queres e desejas tanto chegar em algum lugar, terás que ir por outro meio.
Pense em um degrau. Pense em, no máximo, dois. Pronto. Agora tu estás na construção de teu próprio caminho. Assim que tu tirar os pés de onde estás pisando, teu degrau desaparecerá. - Tu se move. Tira primeiro um pé, sem ter ainda onde colocá-lo, mas tu estás subindo, e subir é tudo o que podes fazer. O degrau seguinte surge, pois tu precisou dele; tu o criou. Depois que a ponta de seu outro pé deixa de tocar a superfície de onde estava, não existe mais degrau. Pense comigo: O que acontecerá se pulares com os dois pés ao mesmo tempo?
Estamos indo bem; estamos em algum lugar.
Estamos no único lugar onde podemos estar.
Estamos entre os corajosos; entre os desejantes.
Pular é uma opção. Pular e perder o chão.
Inventar asas.
Só um lugar pode ser agora, mas só agora pode ser qualquer lugar.

12.5.12

Rimas de acalento

Beija, guria;
beija com gosto
teu amante de vento.
Marca-lhe o rosto,
sangra o momento.
Finge que não, mas
rouba-lhe tudo, tira o
sentido do pensamento.
goza, guria!
goza muito, goza lento.
e ria
de olhos fechados, que é
pra ver que o pecado não é sentir
mas negar o teu sentimento.

7.5.12

A gente voltou


Sem pé nem cabeça, sem lente no óculos e com amargo na língua.

30.12.11

descanse em paz


Tenho total controle das minhas palavras. Estou no comando, e isso é uma merda.
Não é de hoje que oscilações entre ruim e péssimo acompanham as minhas palavras escritas. Saber que o a vem antes do m quando se pretende escrever sobre amor é o maior erro daqueles que ousam fazê-lo, pois a ordem das letras não muda a necessidade ou vontade que tem o seu motivo. Nunca pensei em ser um escritor profissional; admito minha admiração pelo rótulo de amador.

Não quero prosseguir aqui agora, me enrolar (novamente) com palavras que eu decorei a ordem. Bata bem forte em minha cabeça e me faça esquecer de tudo o que eu já aprendi.
Por tempo indeterminado hei de procurar outra fluência; talvez algo puramente tátil.